sábado, 13 de dezembro de 2008

Uma questão de amizade...


Num dia de verão, estava na praia, observando duas crianças brincando na areia. Elas trabalhavam muito, construindo um castelo de areia, com torres, passarelas e passagens internas. Quando estavam quase acabando, veio uma onda e destruiu tudo, reduzindo o castelo a um monte de areia e espuma. Mas tive uma surpresa. Em vez de chorar, correram pela praia, fugindo da àgua, rindo de mãos dadas e começaram a construir outro castelo. Compreendi que havia aprendido uma grande lição:
Gastamos muito tempo da nossa vida construindo alguma coisa e, mais cedo ou mais tarde, uma onda poderá vir e destruir tudo o que levamos tanto tempo para construir.
Mas quando isso acaba, somente aquele que tem as mãos de alguém para segurar, será capaz de sorrir!!!
O que permanece para sempre é a amizade. O resto é feito de areia.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

2610



Ontem pensava apenas ao som de musicas tristes...
Pensava que hoje também estaria triste
e que ninguem mais estaria assim triste.
Desejava apenas que aquele dia triste terminasse...
Hoje penso na estupidez de ontem
talvez que ontem perdi demasiado tempo,
hoje penso que se ontem soubesse o que hoje sei
ontem pensaria o que penso hoje:
que o amanha de um ontem triste
também pode trazer conforto
que só me faça pensar ao som de musicas felizes.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

"Ilusões carnais"

Encontro-me com o meu ser. Desacordada nesta cama. Foste mais do que memória nos corpos de outros. Não eras tu. Não era ninguém. Ninguém que me ficasse na memória. Só tu. Quem eu procurei noutros sorrisos, noutros seres. Fiquei, sorri. Entreguei-me aos prazeres da carne. Fingi que te tinha. Mas não tinha. Não eras tu. Nem sequer uma imitação de ti. Mas fechei os olhos e vi-te. Talvez até te tenha sentido. Em muitas alturas, estiveste comigo. Até ao despertar. Até voltar a olhar o escuro. Este escuro em que a minha alma se tornou. É quando esta luz sombria me envolve, que a solidão me dói mais. Porque percebo que me enganei de novo. Que me afundei mais ainda nesta escuridão. Não eras tu. Nunca mais serás tu, aqui ao meu lado, no meu corpo. Apenas permaneces em mim, em memória que teima em não desaparecer. E eu, que te tenho aqui, percebo que a cada imitação tua que encontro me sinto mais só, mais longe de te ter. A ilusão dos corpos. O pesadelo logo a seguir. Agora, apenas quero deixar-me dormir. Deixar o meu corpo repousar deste sexo fingido que não me cala a dor. Deixar-me dormir e quem sabe, sonhar contigo. Uma vez mais.

(in "O corpo dos outros")