quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Consta-se...


Pois é…já lá vão dez anos desde que morria de ansiedade para fazer 18 aninhos jeezzzz que data longínqua…
Sim, vai realmente há muito tempo mas se há coisa que me caracteriza é ter uma memória de elefante :P Esse dia ainda está bastante presente em mim…Consigo lembrar-me do diploma que os meus amigos de longa data me ofereceram onde consta que sou uma pessoa inteligente, simpática, bla bla bla mas a única intenção mesmo era lembrar-me que falhei na parte do juízo, é o que está realmente em falta…pois bem, isso mantém-se, é verdade, 10 anos depois… Diploma esse que faço questão em mantê-lo exposto no meu quarto pois a falta de juízo é algo que pretendo manter “pábida” e ai de quem tentar a minha cura! Já agora…lembro-me da bonequinha de trapos, que fui sempre guardando com carinho, possivelmente comprada na “Apache” onde haviam sempre gémeas daquela de todos os tamanhos e do telefonema onde as mesmas pessoas que ma ofereceram tão bem entoaram os parabéns para mim, não foi meninas? Fui prendada também com um despertador mas o desgraçado não sobreviveu á vida que foi levando:S Nesse dia foi-me oferecido um Jean Paul Gaultier que ainda hoje é o meu perfume de eleição. Obrigada Nanda, espero que Deus te tenha num bom lugar. E continuam por acender as velas de um castiçal dadas pelo meu grande amigo mas, da freguesia vizinha. Quase consigo lembrar-me do sabor daquela rojoada que esteve na comemoração e do monte velho com que foi regada. Pois, estou mesmo nostálgica, ainda por cima com a música que vem do vizinho, Norah Jones não daria para menos.

10 Anos de sonhos, de esperanças, de alegrias e também de tristezas. 10 Anos em que cresci muito com o que fui experienciando, com os erros que cometi, com conselhos que dei e também recebi. Há coisas que ficaram por acabar, outras nem começadas foram mas com certeza que muitas ficaram feitas e bem feitas até!

Se há coisa que me posso mesmo alegrar é que a maior parte daquelas caras a volta da mesa do monte velho e da rojoada hoje ainda se encontram “lá”, umas na cadeira do lado, outras sentadas a minha frente, outras mais na ponta da mesa mas o importante é que continuam ali. Espero que aquela “minha mesa” se mantenha composta enquanto eu ali estiver sentada e que me possa ir acompanhando nesta refeição que é a vida, uns dias com o nosso prato preferido nos outros com aquilo de que gostamos menos mas que no fundo é importante para nós, para nos fazer crescer.

Se eu podia viver sem amigos? Podia…mas não era a mesma coisa…
(a verdade é que acho que não podia)

Parabéns também para a minha mãe Carmo que é parte muito interveniente da pessoa que sou hoje.

Obrigada a todos os que se lembraram de mim nesta data e aos que se mantêm ali sentados.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

"Nunca ande pelo caminho traçado, pois ele conduz somente até onde os outros foram."


*Graham Bell

sábado, 23 de maio de 2009

Cruz --- Fátima a pé

As palavras amontoam-se e torna-se quase impossível descrever o misto de sensações por ter conseguido finalizar uma jornada como esta...

Acompanhava-me já há algum tempo o desejo de cumprir uma peregrinação até Fátima, não fiz promessa e por isso quando comecei a partilhar a minha vontade com os mais próximos ia ouvindo frases como "tu és doida" "não te metas nisso" etc etc mas nem isso me fez perder a ideia :) Comecei por vaguear pela net à procura de organizações, conselhos, testemunhos, e a vontade de experienciar ia crescendo, até que, encontrei uma organização de Braga designada por "Farmácias em caminhada de fé", passei logo à tentativa de encontrar o contacto dos organizadores o que não foi de todo fácil mas consegui. Logo no primeiro contacto, onde falei com a mentora do projecto, Dr Fernanda Santos fiquei ainda com mais vontade de peregrinar, não só pelos traços gerais da organização e ainda mais, talvez pela forma como me transmitiu a vontade que tinha também de cumprir este desejo.

Chegou o dia! 5 de Maio às 21h30, ponto de encontro: Sé de Braga. A peregrinação foi iniciada com uma missa presidida pelo Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, onde num jeito muito particular nos transmitiu 3 pontos essenciais para caminhada até Fátima como também para a caminhada da vida:

* Devemos ter sempre presente uma meta, neste caso é o encontro com Fátima, na vida devemos também traçar objectivos e viver com a finalidade de os cumprir.

*"O peregrino deve libertar-se do acidental e caminhar com o essencial." Devemo-nos livrar da carga desnecessária durante a nossa caminhada e carregar apenas o essencial, libertar e perdoar o passado para que possamos viver o presente com ânimo.

*O caminhar com os outros reduz as exigências para além de que, só com a sua ajuda conseguimos atingir os nossos objectivos.

No final de mais uns acertos logísticos deu-se então a partida. Aguardei a passagem do grupo em Cruz. Cerca das 2h30 iniciei eu a minha peregrinação, lembro-me de respirar fundo nos primeiros passos e não querer olhar para trás...6 Km depois já tinhamos o lanche à nossa espera em Famalicão. Correu-me bem este início :) Estava a decorrer a primeira de sete etapas.

As etapas começavam sempre no fim de jantar, as primeiras horas com bastante trânsito, seguidas de horas de mais silêncio e escuridão que me permitiram apreciar coisas que nem me apercebo delas no dia a dia. O céu, as estrelas...o bom luar que quase sempre nos acompanhou...o cheiro que andava no ar...o cheirinho a pão na madrugada.Lembro-me do bom odor a plantas que senti ao atravessar o Porto junto à igreja da Lapa, a paisagem da ponte D. Luís...depois o nascer do dia, parece que deixei de caminhar num túnel escuro e timidamente as coisas começaram a aparecer: as casas, os animais, o chilrear das aves e também o trânsito para dificultar ainda mais o fim das etapas, comboios e comboios de camiões justo na hora onde já custava tanto subir e descer os passeios mas que nos obrigavamos a fazê-lo. A cada manhã bem cedo, começavamos a cruzar-nos com outros grupos, com um ritmo ainda fresco, de quem está a começar, ritmo que tentavamos ir "roubando", como que para andar à boleia no que ainda faltava até à proxima paragem.

Foram duzentos e muitos km, muito tempo a caminhar. Houve momentos de dor, ansiedade, tristeza, alegria. Muito companheirismo, solidariedade e entreajuda. Horas em que conversei com este e com aquele e tentava perceber o que os motivou para a peregrinação...horas de oração e meditação em grupo e também horas em que unicamente me apetecia caminhar mais a sós.

É um caminho que só se percebe fazendo-o! Posso dizer que vi de tudo: desde funcionários de estações de serviço que não servem meia de leite a peregrinos que vêm esgotados e precisam de repôr energias porque dá muito trabalho. Pessoas que querem exigir 10€ de consumo mínimo de entrada num bar aos colegas dos carros de apoio que tencionam apenas comprar tabaco, como vi pessoas que ao pressentirem a nossa passagem junto às suas casas se levantaram da cama apenas para perguntar se precisavamos de ajuda, pessoas que estacionam o carro aqui e ali, tiram da mala uma mesa, rapidamente a montam e começam a perguntar se queremos um café, algo para comer, uma muda de meias,enfim. Foi uma das formas de peregrinar que me comoveu e ainda faz arrepiar.

E por falar em forma de peregrinar, não posso deixar de falar de quem tanto nos ajudou. O César na carrinha de apoio, enfermeiras Helena e Daniela, enfermeiro Ricardo em carros de apoio também e a fisioterapeuta Nélia que aguardava a nossa chegada de cada etapa e que tanto me valeu. São pessoas que tiram férias apenas e só para ajudar, total voluntariado.

Penso nas vezes que me senti tão “pequenina” quando passava por alguém num enorme suplício que para além de carregar a dor transparecia carregar uma enorme preocupação em chegar, tinha mesmo que o fazer custasse o que custasse. Foi difícil ver gente a passo de caracol pois já não havia força para mais, pés completamente em ferida com o calçado já recortado para não pressionar nas partes que estavam pior, pés descalços e gente que não fala durante toda a peregrinação... É incalculável o que leva alguém a prometer tal coisa, limitava-me apenas a estender uma mão, quer para oferecer apoio físico ou apenas psicológico.

As emoções andam mesmo à flor da pele...desde o final da terceira etapa até ao início da quarta inexplicavelmente andei sempre de lágrima no olho e bastava que se dirigissem a mim "baaaahhhh" ainda era pior...não tinha grandes dores e muito menos pensava em desistir...diz quem já estudou comportamentos de peregrinos que há sempre um dia em que a gente bate no fundo e a partir daí tudo corre melhor.Comigo aconteceu isso mesmo. Há uma altura em que tudo passa a ser diferente até a contagem das etapas, em vez de se dizer "ainda" começa a dizer-se "já só falta".

Nunca antes me tinha sentido tão desprendida da minha rotina habitual. Não me ocorria nada mais a não ser ir dando notícias aos que estavam a torcer por mim "deste lado". Só tinha presente os km que tinha a fazer etapa a etapa até chegar ao fim. Quando comecei a sentir que o fim estava cada vez mais próximo a ansiedade já era enorme, a última etapa foi difícil não só pela tal ansiedade, como pelo terreno difícil que fizemos e pelo sono, deu-me cá uma soneira que para além de parecer uma pessoa alcoolizada a caminhar,desconfio que ainda passei pelas brasas em andamento,nunca pensei que fosse possível mas naquela situação a gente parece que liga o automático nas pernas para "comer alcatrão" e desliga o resto.

Na última etapa, à medida que as horas e os km avançavam, começaram a aparecer as primeiras placas já com a indicação "Fátima". Fomos chegando aos poucos á rotunda do peregrino. Nesse sítio, todos se cumprimentaram e já foi muito difícil conter as lágrimas, que alegria! Estavamos todos ali! Seguimos todos juntos a cantar, e posso dizer que aqueles últimos metrinhos até ao recinto foram de uma emoção tal que ainda agora me faz arrepiar. Admiro quem foi capaz de rezar e cantar até ao destino final, pois a emoção tomou conta de todos.

Quando atravessei a nova catedral e vejo todo aquele recinto à minha frente, bem!!! Que emoção! Só falta ou ainda falta isto? Será que ainda tenho forças para estes metros? É um olhar para trás e ver tudo pelo que passei até ali, é o ter conseguido chegar e completar este objectivo. Ficou ali muito... Nunca conseguirei transmitir o que senti. Hoje sei o que é ir até Fátima a pé! É muito mas muito mais do que caminhar até lá. É das experiências mais enriquecedoras que já vivi, é humanamente muito gratificante. Fica muita coisa daquela experiência.

Sei que já me estendi demasiado neste texto mas acreditem que se justifica e não deixa de ser uma breve conclusão :)

Muito obrigado a todos que me apoiaram durante a peregrinação, quer aos colegas da caminhada, quer aos que sempre mandaram apoio via telemóvel e um especial a quem me foi visitar.

Fica o desejo de repetir! Valeu muito a pena e estou muito feliz por ter experiênciado.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Ciclos da vida


Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram. Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu.... Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem connosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu génio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais. Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceites, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal". Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará! Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és...
-E lembra-te: Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão!